domingo, 21 de outubro de 2007

O tempo

O tempo pesa na balança da saudade. A verdade é essa nua e crua não me conheço na tua ausência. As flores que vejo não são as mesmas quando passeava contigo, O ar que respiro é mais pesado o tempo mais lento e a chuva que antes eram míseros pingos hoje são pedras que se abatem sobre mim. Não me conheço... sinto-me perdido a espera que tu me encontres.

André Henry Gris

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O sonho

Sonhei, e desenhei,
A tua beleza ao meu lado,
Por um breve instante,
No entanto... distante,
Tudo parece errado.

Procuro-te num passado,
Que ainda é presente,.
E que não será esquecido,
Porque o nosso amor não consente.

Encontro-te, numa recordação
Que pauta a batida,
Do meu coração
Que sangra sem ferida.

Como se fosse hoje -
Sinto, o nosso primeiro beijo
Sinto, o ultimo
Sinto, o desejo que não foge.

Consome, uma paixão intensa
Numa noite acesa.
Com a saudade que entregas,
Na distância de um olhar,
De quem espera...

por quem ama e por quem é amado.

André Henry Gris

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A despedida

Acordei, ainda a cidade continuava adormecida, por entre uma neblina que lentamente preenche o acordar. A sinfonia diária ia-se despertando suavemente. Peguei nas chaves de uma porta trancada e caminhei por entre ruas vazias. Dei por mim a tua espera, como se já tivessem passado os 3 meses de um mundo diferente sem a tua presença. Lá estavas tu, de partida com uma lágrima a escorrer por entre os beijos que prometemos não deixar morrer, lentamente as mãos abraçadas foram deslizando e separando, lentamente senti-te pelas pontas de os meus dedos como um adeus que não quer ser declamado. Recordo acordar e ir em direcção a paragem onde os ponteiros pesavam, avancei a caminhar até ao aeroporto e as palavras percorriam o meu cérebro, recordei as pedras soltas num passeio de um desvaneio, que é ver-te partir quando só quero que chegues junto do meu corpo que abraces, e mates a saudade que ainda não é mas que já sinto.

Acordo, imaginando as voltas que a vida dá, numa estação de comboio fria e vazia, numa viagem alternativa de uma vida dividida. Prosseguia com o meu destino como tu o fazias com o teu, seria tudo tão diferente para os meus braços carregados do vazio de uma noite. O meu olfacto, sem tacto do teu odor seria só eu. Recordo o abraço por nós trocados numa qualquer carruagem de uma qualquer viagem, perdidos e encontrados sem mais factos para além dos dados lançados por um destino traçado. Agora seguias o teu destino que já o era meu. Olhei uma ultima vez os teus cabelos esbeltos seguiam ao sabor de um vento partilhados pelos beijos na distancia, que os meus lábios desenhavam.

Num momento de silêncio os meus dedos desenharam o teu rosto, para que na tua ausência desenhem a tua forma saltei as lágrimas que já escorriam, como as nuvens que numa noite tapam as estrelas que no céu brilham. Segundos num silêncio profundo... profundo sentido que nos nossos olhos nos encontrávamos, em plenos instantes de surdez o brilho dos teus olhos declamava as palavras que eu tanto amava e tu escutavas pelo toque dos meus dedos os segredos que são para outros, não para nós. Um beijo como um poema por dois declamado a uma só voz, nunca sós lado a lado mesmo por entre fronteiras que tentam separar o que nunca conseguem, se num tempo que passou não separou, nada mais há de separar. Espero por ti como espero agora antes de te ver partir. Espero como o sonho que todo o que ama vive, e sobrevive a maior das tempestades, em jeito de ventos fortes de saudade.

Desenho o teu corpo a sabor-e-arte por entre os meus lábios que derretem ao toque da tua pele, lentamente planto em ti o desejo em mim, para levares em ti por entre a saudade que já senti. Leva-me contigo, nos teus braços carregados numa noite, no brilho do teu olhar que carrega o mais doce sabor de amar. Encontra-me nas noites sozinho numa paixão que se advinha eterna, serena como uma noite estrelada numa qualquer rua encenada por ti amor, na minha ausência beija-me sente o sabor que é dor de te ver partir mas é sabor de te saber sentir mesmo numa outra qualquer rua de um pais diferente. Observo os teus passos dados em direcção ao desconhecido, observo o teu olhar de lado quando viras a tua cara levemente sobre o ombro, observando aquele que permanece... eu parado observei-te uma ultima vez, voltei-me e também sobre o ombro olhei-te e agarrei o sorriso aquele que lanças-te escondido em jeito de morse de um código dos dois. Um código descodificado por entre o beijo que ficou por encontrar.

Acordo, sobressaltado, vejo-te ao meu lado ainda dormes um sono profundo naquela noite os meus braços não abraçaram. Lentamente pela escuridão foste ganhando forma e os meus olhos observavam. Mexias-te um pouco através de uma respiração mais profunda e eu ali deitado imaginava-me ao teu lado como já o estava. Continuava a olhar o teu corpo de costas voltadas. Um jeito de despedida diferente, ainda faltavam alguns dias no entanto naquela noite de lua cheia, seria uma ultima ceia pintada por entre tintas de um olhar e chama de um poeta, por entre uma chama de um fogo que não se extingue. Meus olhos fecharam-se mas continuavas lá por entre esse teu corpo nu encostado ao meu lado, fruto de um desejo desejado. O outro dia seria outra poesia, de um poema com rumo definido, no teu sentido. Seria outro dia.

Naquele dia, olhei para os céus, o avião teria partido a sensivelmente dez minutos, apenas o tempo suficiente para a embriaguez do meu estado assolar a alma. Sem conversas segui sem olhar para trás sabendo que o nosso destino, era nosso. Subi por entre as escadas de mármore, de um branco sujo e abri a porta desse meu refugio. Embriaguei-me nessa noite por entre as palavras soltas num papel timbrado por as lágrimas que o meu rosto desolado desenhava. Os olhos fecharam-se lentamente não sei quantas horas teriam passado, mas lá fora a escuridão foi acompanhando o desvaneio literário.

No silêncio da noite, senti a brisa da tua ausência como palavras sussurradas, secretas, num sonho que eu mesmo componho em jeito de melodia por entre a pincelada de uma poesia, em tons de cor de um poema. Um teorema de amor onde a probabilidade é felicidade, por entre equações de saudade, e tabuadas de realidade o resultado somos nós. Acordo, vejo-te ao meu lado prolongo por entre mais um dia a saudade que ainda não existia. Abraço-te com força como quem não quer largar, Um derramar de saudades antecipadas por entre beijos em ti plantados. A noite ainda sussurrava aos nossos ouvidos um silêncio sem forma de silêncio, condenados . A noite acorda, não acaba pois nesta noite nada morre tudo começa... mesmo por entre a distância que agora nos entregam.

Adoro-te,

Lisboa, 21 de Setembro de 2007

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A viagem interior

A vida dá voltas e mais voltas, no entanto regressamos sempre ao ponto de partida, uma saída pela entrada.

Ao teu lado numa viagem de comboio, já dormias, eu observava-te aos poucos e poucos “flashes” inundavam a minha mente. O passado, lá estava ele ao meu lado num futuro vazio ainda por preencher. Os nossos momentos foram apresentados, por pequenas imagens que alimentaram histórias numa projecção única para os meus olhos. Encontrei os caminhos percorridos e as escolhas, as estradas erradas e os caminhos correctos.

Hibernei no mais puro dos silêncios, num desassossego tremendo, escuto olho envolto de um passado que mais nada diz do que eu tento extrair. Tantas palavras que ficaram por dizer. Baralhado, confuso em estado de alerta, busco pela porta certa sem ver que ela está aberta em mim. Aos poucos e poucos vou-te colhendo nos meus pensamentos... como uma onda que se afasta e que sempre regressa para abraçar uma areia ferida. Vejo os teus braços abertos a minha espera e vejo do outro lado um passado que de braços fechados com o sorriso trancado por saberem que já são passado.

Iluminas o que fica por preencher com um sorriso só um incandescente que torna tudo tão mais presente. As imagens desapareceram, Observei-te e passei a mão ao de leve sobre o teu rosto, desviando um fio de cabelo que ali permanecia. Tu viraste e sem saber ou perceber sorriste e adormeces-te. Permaneci sem palavras, naquele momento renasci.
As imagens turvas, ganharam claridade como um passado antes turvo que não deixava ver. Hoje já sei, já vejo. Preenches um todo de um mundo que deixou de ser meu para ser nosso, calei-me no silêncio dos deuses beijei-te e adormeci ao teu lado.


André Henry Gris

As Tuas Palavras

Avançam por entre os meus lábios,
Sedentas de saudade.
Consomem, os beijos sábios.
Por sentirem a verdade.

A verdade escrita por dois corpos
Deitados... separados
Que se tocam na ausência.

A essência, dos teus lábios,
Entrega a mais pura demência
A quem não pode saborea-los

As palavras escorrem,
Arrastam-se e não morrem.
Perduram, na amargura
Sedentos de uma cura...

Que só os teus lábios podem curar.


André Henry Gris

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Palavras em jeito de lágrimas

Oiço, as minhas palavras a serem lidas pelas tuas, deslizando pela tua boca, saboreando um paladar nunca antes saboreado. Cada Letra requintada, isolada faz escorrer gota a gota de uma lágrima que caminha por esse rosto saudoso dos nossos momentos.
Cada toque de cada sílaba, proferida pelos teus lábios é como um sentir das minhas mãos por entre o teu distante corpo.
A distância, percorrida através de um único passo, pelos versos por ti declamados... fugidos, achados pelos beijos por nós criados. Perdidos num contratempo de um tempo que semeou o sabor escondido para ser colhido mais tarde.
Desejo-te mais que ontem menos que amanhã e cada verso traçado é o traço de um caminho a percorrer num profundo sentido, escondido na alma deste verso.
Luto pelas palavras que cravo nesta folha, sem querer ter escolha pois serei só teu, como um luar para o céu. Observo-te em forma de verso declamado em homenagem da saudade, como as estrelas que no céu brilham que reflectem no meu rosto a ausência desses teus, nossos beijos que consomem o fogo consumido.
Choro e cada lágrima é um pedaço de um teu perfume que triunfa sobre o odor do meu corpo cansado. No entanto Irei rejuvenescer, e quando tiveres ao meu lado irei reconquistar o verdadeiro significado de ser amado.

André Henry Gris

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A tua Ausência

Pintada em tons de lagrimas
Por entre amargas palavras
Que choram a distância
De uma breve ausência.

Estás ausente e presente
Distante mas incandescente
Para esta noite que não dorme,
E consome a saudade

Choro o que as lágrimas
Não conseguem,
Vertem em tons de silêncio,
Desse nosso desvio.

As lágrimas, ganham terreno
E eu sereno
Por saber que vais voltar,
Sem nunca deixares de amar.

André Henry Gris